O valor adicional é destinado a linhas de investimento
O Banco do Brasil anunciou ontem um reforço de R$ 10,5 bilhões para os financiamentos rurais na safra 2021/22 – a informação foi antecipada pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O foco são linhas de investimentos, com demanda aquecida desde o ano passado, e apoio a produtores prejudicados pelas geadas em julho, em especial cafeicultores.
Uma das novidades é o Programa BB Investimentos Agro, com volume total de R$ 8,5 bilhões. O dinheiro vai financiar a ampliação da tecnologia, da sustentabilidade e da infraestrutura no campo. Os recursos são complementares aos R$ 33 bilhões disponibilizados para as linhas de investimentos da instituição desde o início deste Plano Safra.
Serão destinados R$ 5,5 bilhões para financiamentos de energia renovável, irrigação, produção integrada, recuperação de pastagens, e a compra de máquinas e equipamentos com prazo de reembolso que variam de cinco até dez anos. As taxas de juros vão de 8,5% a 10,5% ao ano.
Para a armazenagem, serão outros R$ 2 bilhões, que financiarão a modernização e aquisição de silos e armazéns, com as mesmas condições de prazos e juros do programa de investimentos. No Plano Safra, o BB já havia anunciado R$ 1,5 bilhão para essa área e ainda vai ofertar outros US$ 300 milhões que captou do NDB. No total, com os recursos adicionais, são R$ 5 bilhões para armazenagem.
O Banco do Brasil também alocou R$ 1 bilhão para atender pequenos e médios produtores com o BB Consórcio Armazenagem, com prazo de até 240 meses. O mecanismo viabiliza a aquisição de estruturas armazenadoras de até R$ 3 milhões, por meio de lance ou sorteio mais a taxa de administração.
Para os produtores do Centro-Sul afetados pelas geadas, o banco anunciou outros R$ 2 bilhões. O volume será dividido para financiar a recuperação de cafezais danificados (R$ 1 bilhão) e a renovação de outras lavouras perenes e semiperenes afetadas, como a cana-de-açúcar e frutas (R$ 1 bilhão).
Os cafeicultores terão até cinco anos de prazo de reembolso, com até três anos de carência e taxa de juros de 8% ao ano. Os recursos serão usados para apoiar dois tipos de manejo para a recuperação dos cafezais: o esqueletamento e a recepa.
Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) já havia aprovado a destinação de R$ 1,32 bilhão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para uma linha de crédito semelhante, para financiar a recuperação das lavouras de café afetadas no Sul e no Sudeste.
Já produtores de cana e frutas terão prazos de até 30 meses para reembolso dos financiamentos, com carência de 12 a 18 meses e taxa de juros de 8% ao ano.
O presidente do BB, Fausto Ribeiro, disse que o “ritmo das contratações está acelerado” e que “não faltarão recursos no Banco do Brasil para atender as demandas dos produtores rurais”. Dos R$ 135 bilhões ofertados neste Plano Safra, mais de R$ 23 bilhões já foram desembolsados.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o apoio do Banco do Brasil aos produtores prejudicados pelo clima “pode fazer com que rapidamente as respostas cheguem ao campo”. Segundo ela, as estimativas preliminares de perdas na produção de café por conta das geadas em Minas Gerais e São Paulo giram em torno de 18% a 20%.
Sobre os recursos para investimentos, a ministra disse que apesar de todo o esforço do governo federal para a construção do Plano Safra, em ano de aperto fiscal, a demanda dos produtores surpreendeu. A divulgação do reforço do crédito rural do BB ocorreu em evento no Palácio do Planalto e contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
Por Rafael Walendorff — De Brasília
https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2021/08/25/bb-fortalece-com-r-10-bi-foco-no-agro.ghtml