ESG tem se tornado prioridade em diversas empresas. Em 2025, os ativos financeiros associados aos critérios de ESG — sigla de environmental, social e governance, em inglês — devem superar US$ 53 trilhões, o que representa mais de um terço do total de US$ 140 trilhões que são administrados no mundo. A estimativa foi feita pela Bloomberg Inteligence (BI), a divisão de pesquisas da Bloomberg. De acordo com a análise, o crescimento dos investimentos ESG é uma tendência dos últimos anos: os ativos passaram de US$ 22,8 trilhões em 2016 para 30,6 trilhões de dólares em 2018.

União Europeia representa mais da metade dos ativos globais em ESG, enquanto os Estados Unidos tiveram a maior expansão no último ano e podem dominar a categoria a partir de 2022. Além disso, a BI prevê que a próxima onda de expansão pode vir da Ásia, especificamente do Japão. Os números não deixam dúvida: entender os parâmetros ESG e incorporá-los é extremamente importante para as empresas.

De acordo com o estudo Serviços de Sustentabilidade e Mudança Climática Global de 2018 realizado pela Ernst & Young, 97% dos investidores que responderam ao questionário da empresa afirmaram que conduzem uma avaliação informal ou formal dos objetivos não financeiros reportados por uma empresa. A maioria deles, 65% dos respondentes, declarou que faz um acompanhamento informal, enquanto 32% disseram que conduzem avaliações metódicas e estruturadas. Apenas 3% disseram que não realizam acompanhamento de indicadores relacionados a ESG.

Segundo o mesmo estudo, critérios ESG têm um papel importante na tomada de decisões e os elementos avaliados dentro da sigla podem ajudar a mitigar riscos. No total, 96% dos respondentes afirmaram que as informações sobre as áreas ambiental, social e de governança foram consideradas durante a tomada de decisões, sendo que 62% disseram ser frequentes essas considerações, enquanto 34% falaram ser essenciais.

Os dados refletem uma mudança de tendência do mercado e de padrões dos consumidores. Nos últimos anos, a sociedade se tornou mais crítica e passou a exigir posicionamentos de empresas das quais consome bens e serviços. Parte desse movimento está atrelado ao aquecimento global e às mudanças climáticas: com a consciência cada vez maior sobre os danos que o chamado business-as-usual causa ao meio ambiente, a população espera transformações no setor privado.

Ao mesmo tempo, a evolução da internet e dos meios de comunicação fez com que denúncias e acusações contra as marcas ganhassem uma escala muito maior, colocando a reputação das empresas em risco.

Dessa forma, se uma empresa que atua no agronegócio pratica desmatamento ilegal para lucrar mais e faz uso de mão de obra análoga à escravidão no seu processo produtivo, os consumidores entendem os impactos negativos dessa prática e começam a se distanciar dos produtos oferecidos por ela. Além do comprador final, investidores podem enxergar que essa companhia oferece riscos aos seus respectivos patrimônios. Por isso, adotar critérios ESG é uma forma de seguir recomendações e protocolos que vão proteger a empresa no longo prazo, seja na esfera ambiental, social ou de governança.

De acordo com o Pacto Global, iniciativa do setor privado para o desenvolvimento sustentável vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), “o ESG é um índice que avalia as operações das principais empresas conforme os seus impactos em três eixos da sustentabilidade – o meio ambiente, o social e a governança”. Ainda, o Pacto Global entende que “a medida oferece mais transparência aos investidores sobre as empresas nas quais eles estão investindo”.

Em 2020, a Fundação Getúlio Vargas, por meio do Centro de Estudos em Finanças (FGVcef), lançou o centro ESG Investing, com o objetivo de entender melhor os impactos dos critérios representados pela sigla sobre os investimentos. Na época do lançamento, Claudia Yoshinaga, coordenadora do FGVcef e do ESG Investing, afirmou que “cada vez mais os investidores em todo o mundo avaliam a aplicação dos seus recursos por meio também desses fatores não financeiros. A finalidade é apoiar práticas que melhorem a sociedade como um todo”.

Por Jennifer Ann Thomas, para Um Só Planeta

https://umsoplaneta.globo.com/financas/negocios/noticia/2021/07/20/entenda-a-importancia-do-esg-para-as-empresas.ghtml

20 ago

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