Em nova fase, Atiaia Renováveis prevê investir até R$ 3 bi
Empresa do grupo Cornélio Brennand, sediado no Recife, tem 1,1 GW em projetos de eólicas, parques solares e PCHs para desenvolver até 2030
Braço pouco conhecido do centenário grupo pernambucano Cornélio Brennand, a Atiaia Renováveis está se reestruturando para entrar de cabeça no mercado de geração renovável de energia, que vem se tornando cada vez mais competitivo.
O plano passa por aumentar e diversificar o portfólio da companhia, hoje concentrado em nove pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), as quais somam 220 megawatts (MW) de capacidade instalada – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A meta é expandir para 1 GW até 2030, o que deverá exigir de R$ 2,8 bilhões a R$ 3 bilhões em investimentos.
“Queremos ser provedores de soluções de energia renovável e estar mais próximos dos clientes. É o que todo mundo está buscando hoje, em meio à transição energética”, afirma o presidente da Atiaia Renováveis, Ricardo Cyrino.
Na reestruturação da empresa, foram criadas duas diretorias: uma de comercialização e outra para acelerar negócios
À frente da geradora desde o início do ano passado, Cyrino é ex-secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME) e atuou em grandes empresas do setor elétrico, como CPFL e AES Brasil. Sua missão é preparar a empresa para uma nova realidade do mercado de geração.
Fundada em 2004, a Atiaia cresceu com projetos baseados nos leilões do mercado regulado de energia, que hoje já não oferecem grandes oportunidades. Agora, o foco da geradora – e de praticamente todo o mercado – está no ambiente de contratação livre (ACL), que promete ser o grande vetor da expansão da matriz elétrica nos próximos anos.
“A estratégia é ter diferentes projetos, em diferentes regiões e estágios de maturação. Precisamos ter opcionalidade para atender as demandas dos clientes. E também trabalhar com diferentes soluções: posso vender PPA [contrato] padrão, modelo de autoprodução ou de produção independente por equiparação”, explica Cyrino.
Para colocar em marcha o plano de expansão, a companhia já conta com uma carteira de 1,1 GW em projetos para desenvolvimento, concentrados nas fontes eólica e solar. Já estão em construção uma PCH em Lucas do Rio Verde (MT), a nona do portfólio, e a primeira fase de um projeto solar em Pernambuco, que terá 360 MW de potência no total. Além disso, no Rio Grande do Norte, a companhia começou a estruturar projetos eólicos e híbridos, combinando energia eólica e solar.
Segundo Cyrino, boa parte dos projetos da Atiaia já tem outorga pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), garantindo o desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (Tusd e Tust).
O benefício deixará de existir para empreendimentos de fontes incentivadas (renováveis), conforme a lei 14.210/2021. “Esse é um requisito importante para que possamos ser competitivos no mercado”.
Com o objetivo de acelerar a concepção e prospecção de projetos, Cyrino criou duas novas diretorias, uma voltada ao desenvolvimento de negócio e outra à comercialização de energia. As equipes ficam num escritório aberto em São Paulo (SP), que se soma à sede em Recife (PE), e ao centro de operações em Cuiabá (MS). Em paralelo, a companhia também vem reforçando iniciativas próprias ligadas às pautas “ESG” – recentemente, reforçou seu conselho com nomes como Britaldo Soares (ex- AES Eletropaulo) e Aod Cunha.
Apesar do interesse em outras fontes, a Atiaia não pretende abandonar o mercado de PCHs. O grupo tem 150 MW em projetos prontos para participar de leilões regulados e aposta no surgimento de mais oportunidades a partir da lei 14.182/2021, que trata da privatização da Eletrobras e obriga a contratação de novas PCHs.
Para fazer frente aos quase R$ 3 bilhões em investimentos previstos em seu plano de crescimento, a Atiaia deve aportar capital próprio e também buscar financiamento junto a instituições como Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e Banco do Nordeste (BNB).
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/11/03/em-nova-fase-atiaia-renovaveis-preve-investir-ate-r-3-bi.ghtml